O Greyhound não é originário das Ilhas Britânicas e para encontrar a sua terra natal tem que se ir até a Ásia. Atualmente, é no Oriente Médio que se encontram os mais antigos vestígios (que datam do quinto milênio a.C.) de galgos, mas há falta de outros dados que completem as fontes arqueológicas e históricas existentes. É difícil traçar o caminho seguido por este tipo de cão desde o Oriente Médio até a Grã-Bretanha. Provavelmente o Greyhound tenha encontrado o seu caminho até o Afeganistão. Onde sua pelagem se tornou espessa para protegê-lo do clima do deserto. Pelo menos três variedades de Greyhound existem há muitos anos, estas são: O que tem pêlo anelado, um pouco áspero, encontrados principalmente na Rússia e Tartária; o de pelo sedoso da Natólia, Pérsia e Egito Antigo; e uma raça de pêlo curto e macio, o Deerhound e o Greyhound. Tendo sido levado pelos Celtas para a Grã-Bretanha, tornou-se a raça favorita junto à nobreza desse país, e nos séculos XI e XVI, na Inglaterra, só pessoas de sangue real ou nobre eram autorizadas a terem um exemplar.
Ninguém sabe ao certo de onde o velho Greyhound se originou, seja como for, segundo H. Edwards Clark, um dos maiores especialistas da raça, considerava que os primeiros Lebréus da Grã-Bretanha foram provavelmente os que acompanharam as tribos Celtas que vieram da Bélgica em 200 a.C., mas a verdade é que estes já estavam isolados na Grã-Bretanha no período saxônico; assim há referências à presença de Galgos nos canis do Duque de Mercy, no século VIII.
Outra prova dessa presença são as leis promulgadas em 1016 (laws of Canute), pelo rei dinamarquês Canuto, O Grande reinou na Inglaterra de 1016 a 1035. Quando da convocação do parlamento em Winchester, Canuto mandou incluir no artigo de número 31, que a partir de então os Lebréus, Mastins e Sabujos, ficariam destinados a serviços exclusivos do rei e da nobreza. Foram então enviados mensageiros a todos os pontos do reino, com o encargo de mutilarem todos os cães capazes de caçar os veados dos bosques, “mas não seriam mutilados os cães que se mantivessem a dez milhas fora dos limites da floresta”.
Mais tarde (de 1042 a 1066), os anglo-saxões recuperaram o trono com Edward, O Confessor. Segundo as crônicas de Guilherme de Malmesbury, este rei possuía Greyhounds.
Por fim, o que tantas vezes e durante tanto tempo foi dito, que Guilherme, O Conquistador, apresentou os Lebréus aos Ingleses é totalmente falsa. Apesar de uma famosa tapeçaria Boyeux, chamada “Da Rainha Matilde” representar algumas cenas de caça, nas quais se reconhecem numerosas espécies de raça, é evidente a presença dos Galgos normandos (na realidade, a rainha, esposa de Guilherme nada tem a ver com a realização desse bordado de “setenta metros” de comprimento) e por isso, o numero de Galgos aumentaram consideravelmente no país.
Desde então, o Greyhound nunca deixou de estar presente na história; Chauser, entre outros o menciona em meados do século XIV, no entanto, a primeira descrição do Lebréu Inglês deve-se, curiosamente, a um poeta francês, Gages de La Buigne, capelão do rei da França. Tendo acompanhado Jean II, O Bom, quando esse foi feito prisioneiro pelo príncipe Negro em 1356, para distrair o seu senhor compôs esta “Divisa do Irmão Lebréu”:
Focinho de lúcio
Harpa de leão, pescoço de cisne;
Orelha de serpente tinha;
Quem sobre a cabeça tinha
Ombros de cabritinho selvagem,
Costela de cevo na boscagem,
Cocha de Lebréu e pé de gato,
Língua de cervo, cauda de rato.
Esse retrato do Lebréu tem algumas variantes conhecidas: “O focinho de lúcio” transforma-se por vezes em “focinho de Lobo”, “língua de cervo” em “unha de cervo” (o que é menos estranho) e em algumas versões o cão aparece com “olhos de gavião”. Mas a divisa celebrizou-se, sobretudo por Juliana Berner, abadessa de Sopewell, no seu livro de Saint-Albans, escrito em 1486, a abadessa inspira-se no poema de Gages de la Buigne: “O Greyhound tem que ter cabeça de serpente? E pescoço de dragão / E cauda de rato”.
Outra descrição pitoresca é achada em The Máster of Game escrita por Edward de Langley (1373-1415), Duquesa de York no reinado de Henrique IV da Inglaterra. É uma descrição muito pormenorizada do Greyhound, na qual afirma, em particular, que os melhores são os tigrados de vermelho com focinho preto.
Concluindo, parece não ser muito difícil encontrar testemunhos que creditem o valor do Greyhound, já que nos escritos consagrados aos passa tempos da aristocracia inglesa se fala muito dos seus Lebréus. Em contrapartida, as obras de mesmo caráter destinadas aos senhores franceses referem-se principalmente aos cães Sabujos.
É certo que na Idade Média os Lebréus eram menos utilizados na França do que eram admirados por igual no outro lado do Canal da Mancha. Isto talvez esteja relacionado com a mudança nos costumes da alta sociedade francesa, que foi abandonando o campo pouco a pouco, deixando-o nas mãos da pequena nobreza da província, para ir instalar-se na corte, e desfrutar dos seus requintes, enquanto que os grandes Lordes Ingleses sempre foram muito apegados a terra e à vida campestre, os franceses só tornaram a descobri-los no século XIX, graças aos parques naturais, às corridas de cavalos e aos exercícios esportivos.
Castelos Beauregard e La-Fertè-Saint-Aubin onde os Reis JeanII Le Bon e Ricardo criavam seus Greyhounds.
Ricardo, adorei esta matéria, super interessante e diferente de tudo que já li.
ResponderExcluirAmei os poemas e as histórias todas !!!
Ricardo.. parabéns e obrigada por estar conosco no Confraria dos Galgos!
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