POR QUE MEU CÃO É TÃO DIFÍCIL DE TREINAR - I

Por Fúlvia Zepilho

Primeiro, decidi começar pelo livro So Your Dog's Not Lassie - tips for training difficult dogs and independent breeds, pois trata especificamente de raças não tradicionais no ramo da obediência canina. Nossos tão amados Galgos se enquadram nesta categoria.
Dividirei sempre os capítulos (resumidos, claro) dos livros, e das aulas, para tornar a leitura mais fácil, mais agradável.

Então, vamos começar?

Por que meu cão é tão difícil de treinar?

A carinha de urso de um filhote de Chow-Chow faz qualquer um derreter. Quem resiste voltar para casa sem ele?

“Encontrei um adorável Beagle!”, alguém canta. “Ele é tão fofinho, tão curioso. Não tem muito cheiro, tem o tamanho ideal e tenho um quintal legal em casa...”. Então, para na pet shop e leva o filhote pra casa.

Algumas pessoas não gostam de cães focinhudos. Adoram Bulldogues e acham que é a raça mais confiável com crianças. Ana tem um bebê e um filho de quatro anos e quer uma raça calma e forte, mas afetuosa. É o motivo exato para ir até o criador.

Alguns meses depois, estas pessoas estão matriculadas em aulas de obediência canina, aterrorizadas. Ficam pálidas quando todos os Poodles e Labradores do grupo sentam imediatamente sob comando. Olham em volta, nervosos, ameaçando e implorando aos cães para obedecer antes que alguém perceba. Quando o curso acaba, o instrutor sorri ligeiramente enquanto entrega os diplomas.

Estas pessoas são piores em ensinar os cães que os outros donos? Pode ser. Mas, os donos devem reconhecer que algumas raças são mais difíceis. As características que atraem estes donos para este tipo de cão, geralmente são as mesmas características que interferem no adestramento. A carinha de urso do Chow-Chow esconde uma personalidade distante, indiferente. A curiosidade insaciável e a inteligência do Beagle o fazem surdo aos comandos do dono. E tentar fazer com que o preguiçoso Bulldogue se levante faz com que os donos arranquem os cabelos. Na verdade, a maioria dos cães dos grupos não-esportivo, terriers e hounds (nos quais todos os cães descritos acima fazem parte) são conhecidos por sua relutância em reconhecer a autoridade. Na maioria das vezes, esta relutância é interpretada como estupidez.

Stanley Coren, em seu livro A Inteligência dos Cães relaciona as raças de cães em 79 posições no que ele chama de “inteligência de trabalho e obediência”. A maioria dos cães que pertencem aos grupos não-esportivo, terrier e dos hounds estão no fim da lista. O Chow-Chow está na 76ª posição; o Beagle em 72ª e o Bulldogue na 77ª. O Border Collie está em primeiro lugar, enquanto o Afghan Hound está em último. Não é a falta de inteligência que torna o cão difícil de treinar.

Enquanto Coren relaciona a palavra “inteligência” com facilidade de adestramento, várias passagens de seu livro deixam claro que ele não acredita que a facilidade de aprendizado tenha a ver com a “potência cerebral”.

Adestramento é um termo muito mais complexo, pois depende do equilíbrio das características de cada cão como indivíduo. Um cão difícil de treinar pode ser muito inteligente. Também pode ter mais características de personalidade que geralmente associamos aos humanos: determinação, independência e nível de energia (baixo ou alto).

Cães trabalham para os humanos
Somente neste século os cães de estimação ultrapassaram em número os cães de trabalho. Por séculos os cães tornaram nossas vidas mais fáceis, seja caçando, guardando, pastoreando e lutando. Seu propósito primário era nos ajudar a sobreviver, geralmente se sacrificando ao fazê-lo. Alguns destes cães de trabalho foram criados especificamente para interagir perto do dono, esperando por suas ordens antes de fazer qualquer coisa. O Border Collie aprende vários comandos que lhe dizem para ir para a esquerda, direita, circular etc. Os Pastores acompanham a polícia há tempos. Ao encontrar um criminoso, o cão trabalha sob comando do policial, esperando suas ordens para atacar, perseguir e largar.

Por outro lado, as raças dos grupos não-esportivo, terrier e hounds faziam o trabalho sozinhas. Eram simplesmente soltos para fazer o que sabiam – sem direção alguma. Os terriers, criados para caçar roedores, eram soltos para pegar os ratos e matá-los. Uma raça criada para brigas não poderia ficar no ringue esperando ordens de seus donos. O Beagle e outros hounds se separam de seus donos quando em perseguição à presa. Nas florestas densas e escuras, confiavam apenas neles mesmos. Do jeito que estes cães eram empregados, os criadores escolhiam aqueles que tinham melhor poder de decisão para procriar, tornando as próximas gerações mais competitivas, caçadoras e lutadoras.

Agora, estes mesmos cães vivem em nossas casas. Enquanto eles sonham com atos heróicos, nós queremos que eles venham e busquem coisas para nós. Podemos pensar “Por que você não é igual a um cão pastor?”. As raças independentes tendem a não ingressar nas regras da casa nem na liderança da matilha. No topo da hierarquia está o líder, aquele que tem o que quer quando quer. Os cães geralmente reconhecem seus donos como os líderes. Mas os instintos das raças independentes dizem que eles não precisam reconhecê-lo necessariamente. Então, quando você dá um comando a eles, não raro eles não o obedecem.

Os pastores ou retrievers, por outro lado, simplesmente amam agradar seus donos.
Muitos livros sempre escrevem que “os cães adoram agradar os donos”. Mas a verdade é que nem todos os cães são assim.

O problema não é fazer com que o cão independente entenda seus comandos, mas fazê-lo se importar com eles. Para torná-lo motivado, ele deve ganhar alguma coisa. Muitos cães ditos difíceis entendem o que você quer, mas não o fazem porque simplesmente não é o que eles querem. O dono, então, deve reajustar não apenas sua atitude, mas também sua abordagem, seu método, com cães deste tipo.

Aqui, mostraremos como você pode convencer seu cão que, ao trabalharem juntos, ambos se beneficiarão.

Artigo completo
Porque meu cão é tão difícil de treinar - parte I (você acabou de ler)
Porque meu cão é tão difícil de treinar - parte II
Porque meu cão é tão difícil de treinar - parte III
Porque meu cão é tão difícil de treinar - parte IV
Porque meu cão é tão difícil de treinar - parte V

GALGOS - QUEM SÃO ELES?

Por Fúlvia Zepilho

Sabemos que muitas pessoas se confundem com as raças de Galgos; muitos acham que Galgo é uma raça. Galgos são todas os cães do grupo 10.

As características físicas mais marcantes entre todas as raças de galgos são o tipo de cabeça, o tórax profundo, a garupa mais larga que o tórax e bastante inclinada e os ombros angulados em um ângulo maior que 45 graus. Seus membros anteriores são quase verticais e os posteriores bem angulados, os quais funcionam como mola, impulsionando o cão para ganhar velocidade muito rápido. São cães com caudas longas, que muitas vezes ultrapassam o jarrete (calcanhar) e quase tocam o solo, e focinhos que se afunilam em direção ao nariz. Com exceção do Greyhound Italiano e do Whippet, os menores do grupos, os Galgos têm, em média, de 60 a 70cm de altura na cernelha e pesam entre 20 e 25 quilos.

Eles podem ter vários nomes:

- Lebréis: têm esse nome porque a maioria deles em sua função origem era caçar lebres. Mas o Borzói e o Irish Wolfhound eram usados para caçar lobos; o Sloughi guardava rebanhos e caçava gazelas; o Afghan Hound caçou grandes felinos selvagens; o Whippet nem é caçador - foi aprimorado para corridas - apesar de perseguir com determinação a lebre ou coelho mecânico.
- Galgos: Vem do alemão Windhunde. Galgo significa cães de físico muito esbelto. Mas, ao pé da letra, significa velozes (hunde) como o vento (wind).
- Sighthounds: caçadores visuais. A característica é comum a todos os cães presentes no grupo.


Então, agora que conhecemos as características e os vários nomes dados a estes belos cães, vamos conhecer as raças que formam este grupo?


Afghan Hound
Apesar de sua aparência aristocrática (move-se com altivez, fazendo flutuar a longa pelagem sedosa), ele caça cervos e tigres, vencendo-os, em matilha, pela exaustão. É a única raça canina com o subpelo maior que o pelo.
Usos: companhia, esportes e guarda.
Porte: 63 a 74cm.



Borzói



Obras de arte o mostram, em meados do século 13, perseguindo alces. Nos séculos 17 a 19, foi um presente de luxo - os czares russos o davam a outros monarcas. É típica a sua pelagem sedosa, encaracolada e com franjas, mais densa no pescoço, peito, cauda a atrás das patas. Tem pernas longas e musculosas.
Usos: caça, companhia e esportes.
Porte: 68 a 85cm.







Saluki


Especialista em perseguir e derrubar gazelas, pode parecer frágil, mas atua com eficiência em terrenos pedregosos e montanhosos. Retratado há mais de 5 mil anos, têm pelos sedosos, que podem ser curtos ou franjados.
Usos: caça, companhia, esportes.
Porte: 58 a 71cm.











Deernhound


Usado na caça ao alce por perseguição, pode abatê-lo ou trazê-lo até o caçador, conforme o treino. Sua origem é comum à do Greyhound, do qual é a versão barbuda, de pelos crespos e duros, com maior porte e ossatura.
Usos: companhia, caça e corrida.
Porte: 71 a 76cm (mínimo)








Irish Wolfhound

É o cão mais alto do mundo. Caçou alces e, no século 17, matou lobos que infestavam parte da Irlanda. É mais musculoso e encorpado que o Deernhound.
Uso: caça.
Porte: 71 a 79cm (mínimo)


Azawakh

Pode atingir 64km/h na perseguição à gazela. Seu estilo é imobilizar a presa para o tuaregue, nômade do Saara, abatê-lo com facadas. É esguio e elegante, com pernas bem longas.
Usos: caça, guarda de animais e companhia.
Porte: 60 a 74cm










Galgo Espanhol


Comum na Espanha mas de criação pequena no resto do mundo. É especialista em perseguir lebres. A raça foi mesclada com o Greyhound para se obterem cães de corrida mais rápidos. Seu pelo pode ser curto e fino ou duro e semilongo.
Usos: caça e corrida.
Porte: 58 a 72cm





Greyhound

Seu físico e fascínio por perseguir o tornaram a "máquina de correr"mais veloz dos cães. Inicialmente usado para caçar lebres, passou a dominar as pistas nos países onde as corridas são oficiais. Em contrapartida, proliferam associações de resgate dos milhares de exemplares descartados por esta indústria.
Usos: companhia e corrida.
Porte: 68 a 76cm


Galgo Húngaro













Perseguidor persistente, caçou lebres e raposas por séculos. Após a proibição, passou a ser usado em corridas e pastoreio.
Usos: companhia, corrida e caça.
Porte: 62 a 70cm


Greyhound Italiano



Do século 19 para cá, a raça foi usada predominantemente para companhia. Há registros destes cães na época dos faraós.
Usos: companhia e corridas de curta distância.
Porte: 32 a 38cm










Galgo Polonês
Usado na caça a lebre, cabrito montês, raposa, cervo e lobo, é o mais forte e robusto dos Galgos de pelo curto. Mesmo assim, é muito elegante. Resiste bem ao clima frio de seu país de origem.
Uso: caça.
Porte: 68 a 80cm



Sloughi


De tão esbelto, tão fina a pele e tão rente a pelagem, pode-se perceber a espinha dorsal. Para muitos, é o Saluki de pelo curto. Tem a devoção dos povos nômades. Seus olhos grandes e negros lhe dão um olhar nostálgico.
Usos: caça, companhia, pastoreio e proteção.
Porte: 61 a 72cm







Whippet


É o cão mais veloz dentre os de seu porte. Dispara em grande velocidade, com excelente arranque. Foi muito popular como corredor em pistas. Tem sangue de Greyhound, do qual é uma réplica menor. Sua disposição para caçar lebres e ratos é grande.
Usos: corrida e companhia.
Porte: 44 a 51cm.



Existem mais duas raças de cães que também são consideradas Galgos. São elas:


Pharaoh Hound
Suas orelhas grandes e empinadas e a cor castanho-amarelada chamam a atenção. Eles se parecem com as representações do deus egípcio Anúbis. Ele caça tão bem pela visão, quanto pelo faro. Se não tiverem exercício adequado, podem ficar obesos.
Usos: caça e companhia.
Porte: 53 a 64 cm.


Ibizan Hound


Com suas grandes orelhas, este cão se orienta na caça pelo som, mas enxerga muito bem. É alto e, em comparação com outros cães de caça que se distinguem pela velocidade, um tanto atarracado. A coloração variável ajuda a diferenciá-los do Pharaoh Hound. É um animal sensível e leal.
Usos: caça e companhia.
Porte: 57 a 70cm.

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