Lá vai o vovozinho descendo as escadas do primeiro andar, no prédio cor de abóbora onde mora desde a década de 30. Lá vai ele passear na praça em frente, a praça bonita dos ipês amarelos. Ele pega o chapéu, a bengalinha de madeira, calça as sandálias de couro velho, chama o Nestor e vão os dois. Lá fora brilha um sol brando. É outono, e o dia está ameno, bem gostoso. A praça, que fica no fim de uma estreita vilinha, foi revigorada recentemente pela prefeitura, em parceria com uma grande empresa de engenharia, que fica por lá também. Os bancos foram restaurados, a guia repintada, o tanque de areia recebeu brinquedos novos, as árvores centenárias ganharam novas vizinhas, arbustinhos, mudas de árvores frutíferas, palmeiras imperiais e outras, que dão flores alternadamente, o que, em breve, deixará a velha praça florida o ano inteiro. O Nestor adora a praça. Adora os troncos caídos. Adora os motoqueiros, que passam sempre com pressa. E adora os pombos. Especialmente quando eles se amontoam sobre o milho que o vovô esparrama. É todo o dia assim, e todo o dia eu acho graça. Fico rindo sozinho, enquanto observo da janela a amizade dos dois. Quero ficar um velhinho disposto assim, como o vovô é. Mas feliz mesmo eu ficarei se tiver um amigo como o Nestor por perto.
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Directamente do twitter para a Confraria.
ResponderExcluirAqui, cultuamos a amizade e o amor por Galgos.
Sê bem-vindo Croni. :D
Cheers,
San.
Olá Rogério, sempre nos presenteando com seus textos maravilhosos, adoro demais quando você aparece.
ResponderExcluirSempre te acompanho no cronicato, mas é muito bom quando você publica algo aqui..rs
Lendo seu texto, minha conclusão é de que um amiguinho como o Nestor é o que nos completa em qualquer fase da vida.
Se eu conseguir chegar na velhice com certeza foi com a ajuda de amigos como o Nestor, sem um amiguinho desse eu jamais viveria tanto, jamais.
Um beijão pra você Rogério, espero que esteja tudo bem.
obrigado, querida!
ResponderExcluirum beijão pra você!