Depressão em Cães

Amigos, já faz um tempinho que ando pesquisando esse tema, pra ser mais precisa, desde que tiramos a Linda (a whippet que apanhava dos donos) daquela casa horrível. Ela se mostrou muito assustada e medrosa (o que já era de se esperar), porém o que mais me preocupava não era isso e sim o fato dela se mostrar um tanto indiferente, quase nada chamava a sua atenção, nenhum brinquedinho, comidinhas, sacola de mercado com comida dentro (que eles adoram..rss), nada a interessava. Levei de tudo para tentar animá-la, bolinhas, brinquedinhos, inclusive os do Zé que já tem aquele cheirinho especial, ossinhos, bifinhos,  ela nem ligava. Percebi que as agressões físicas a marcaram profundamente, mas seus machucados externos não eram nada perto das suas feridas internas, bem mais difíceis de cicatrizar.

A depressão já não é facilmente diagnóstica nos humanos, quem diria nos nossos amigos caninos.
Se no caso de um humano, há quem diga que depressão é frescura ou um meio de chamar a atenção, imaginem quando se trata de um cão?

Todos os mamíferos podem sofrer de depressão, mas são os cães os mais acometidos por este mal.  Cães de companhia, mais dependentes e apegados a nós, nossos fiéis e verdadeiros amigos sofrem, muitas vezes, por nos amarem demais.

Infelizmente, a depressão em cães, uma doença muito grave que pode levar à morte, é muito mais comum do que se pensa, a verdade é que a correria e vida agitada dos donos gera um grande número de cães depressivos.

Se engana quem pensa que o cão precisa sofrer muito para se deprimir, a menor troca de atitude do dono pode desencadear uma forte depressão, os cães têm sentimentos, eles sentem ciúmes, rejeição e solidão.

São inúmeros os fatores que podem gerar uma depressão, veja abaixo:
• falta de atenção e companhia do dono;
• falta de passeios e atividades físicas;
• confinamento em ambientes pequenos;
• perda de liberdade;
• solidão e/ou abandono;
• falecimento (do dono, de algum membro da família ou de um companheiro pet);
• viagem longa do dono;
• viagem longa com o dono, ou seja, saudades da casa ou falta de atenção, afinal durante a viagem de férias, o cão acaba ficando de escanteio. Não basta levar o cão, é preciso incluí-lo no roteiro de diversão;
•idas frequentes ao pet shop;
•estadia em pet hotel
• mudanças súbitas de rotina, mesmo que uma mudança simples;
• separação de casal;
• mudança de residência;
• a chegada de um bebê;
• a chegada de outro animal de estimação;
• um namorado novo;
• hóspedes na casa por um tempo prolongado;
• reforma na casa;
• redistribuição nos móveis da casa;
• hierarquia mal estabelecida - você deve ser o líder, sempre. Se o seu cão achar que ele é o líder e você o submisso, ele se sentirá rebaixado sempre que você sair, “que líder sou eu que não tenho controle sobre o meu submisso, como que ele sai sem a minha permissão?”, ele deve pensar..rs. Um líder frustrado é um forte candidato à depressão.

Atenção: Cães idosos são ainda mais suscetíveis à depressão, é preciso ficar atento e evitar mudanças na rotina do cão, poupando seu estado emocional.

Os sintomas são muitos, diferem em intensidade e podem se manifestar de forma diferente em cada cão, os mais comuns são:
• mudança brusca de comportamento;
• desânimo;
• falta de apetite;
• isolamento social;
• inquietação;
• tristeza;
• baixa interatividade e resposta a estímulos, não demonstrando interesse por atividades antes motivadoras, como passear, brincar ou até receber carinho;
• intolerância ao toque físico;
• inabilidade em executar funções biológicas;
• alterações comportamentais com atos repetitivos como lamber insistentemente as patas ou até mesmo o chão, correr atrás do próprio rabo;
• auto-mutilação, lamber excessivamente e/ou morder as patas ou a cauda.

Caso note alguns desses sintomas, e se eles se prolongam por vários dias, a melhor coisa a fazer é consultar um veterinário, sem acompanhamento a depressão poderá resultar em óbito.

Descobrir a causa do problema é o primeiro passo para a cura. A depressão, algumas vezes, é tratada simplesmente corrigindo alguns hábitos do dono e/ou do cão.

Procure responder as questões abaixo, elas o ajudarão a identificar o agente causador:
• Desde quando ele está assim?
• O que mudou na rotina da casa nesse período?
• O que de ruim aconteceu nesse período?
• O que de bom aconteceu? (O que é bom pra você, às vezes não é para ele)
• Eu estou me dedicando a ele como antes?
• Ele já apresentou esse comportamento antes?

Identificada a causa, o tratamento poderá incluir remédios homeopatas, florais de Bach (que agem rapidamente e não tem contra-indicações), medicamentos antidepressivos (essenciais nos casos de auto-mutilação), além de mudanças no manejo.

Melhorar a qualidade de vida do cão é importante para o sucesso do tratamento:
• passeios diário e brincadeiras freqüentes animam o cão, aumentam a adrenalina e liberam endorfinas, promovendo sentimentos positivos;
• não deixe seu cão sozinho por períodos muito longos;
• reserve diariamente um momento só para ele, você poderá acariciá-lo, escová-lo, conversar com ele, brincar, interagir de alguma forma, nossos amados cães precisam de carinho e contato direito com aquele que mais ama na vida;
• carinhos e afagos na barriga fazem milagres;
• ossos artificiais, vendidos em pet shop auxiliam na distração;
• espalhe brinquedos pela casa;
• mantenha-o livre em casa, não o confine em um cômodo apenas e jamais mantenha-o preso em coleiras.
• ofereça alimento de qualidade
• leve-o ao veterinário regularmente
• se você tiver que viajar sem ele, é importante deixá-lo com alguém de confiança, que ele conheça e que inclusive já esteja familiarizado com a casa dessa pessoa. O ideal seria levá-lo a casa dessa pessoa várias vezes antes da viagem;
• ao deixar em hotel certifique-se de que o local oferece atividades diversas para que o cão não se sinta deprimido ou sozinho. Ele deve ter contato com outros cães, brincar e correr;
• e por fim, não se esqueça do principal, ofereça muito amor e carinho ao seu cão. Sem o amor do dono nenhum cão consegue ser feliz.
Caso o seu galgo precise de uma força para deixar a tristeza de lado, você pode procurar o seu próprio veterinário ou um profissional especializado em comportamento animal.
Em São Paulo:
  • Alexandre Rossi - Cão Cidadão
    11 3571.8138, 11 7814.2633 ou pelo e-mail faleconosco@caocidadao.com.br
    A consulta dura até 1 hora e 30 minutos, com mais dois acompanhamentos por telefone de 30 minutos cada. Geralmente, é feita na casa da família para avaliar o comportamento do animal no ambiente em que ele vive e sua forma de se relacionar com as pessoas. Após essa avaliação, é criada uma estratégia para solucionar o problema. A maioria dos casos é resolvida com mudanças comportamentais. O treinamento do animal já começa a ser feito pelo especialista na própria consulta.
    Existem duas opções:
    Consulta Comportamental com Alexandre Rossi = R$800,00
    Consulta Comportamental com um profissional da Equipe Cão Cidadão = R$200,00

    A Cão Cidadão também oferece consultas por telefone para clientes que residem fora de São Paulo ou fora da nossa área de atendimento. Neste caso, o proprietário deverá transmitir um relatório detalhado sobre o comportamento do animal e sua relação com as pessoas da casa. É importante seguir disciplinadamente as orientações.
  • Sara Favinha-Tudo de Cão
    sara@tudodecao.com.br
    Em breve colocarei mais informações sobre o trabalho deles, telefone para contato, média de preços e etc.

    Amigos, antes de finalizarmos gostaria de pedir indicações de veterinários ou especialistas em comportamento animal. Queremos indicações de profissionais em qualquer região do Brasil.
    Acrescentarei nesse mesmo texto, os profissionais indicados.

    Valeu, galera.
    Zezinho manda beijocas para todos vocês!
Leia também: Lidando com a depressão

Um comentário:

  1. EXCELENTE texto, Dé!!!
    Vou dizer que procuro fazer praticamente tudo pra Su não ter depressão. Minha maior preocupação foi passar tempo de qualidade com ela quando a Lê nasceu, então, ela sempre participou ativamente de tudo, até da amamentação, banho, trocas de fraldas... hoje são excelentes amigas.

    Mantenho ela ocupada com atividades, passo tempo só eu e ela, brincamos, faço massagem, carinho, danço... e, mesmo assim, quando ela está dormindo, fico preocupada se está dormindo de feliz/cansada ou de tédio... risos.

    Dé, a Sara Favinha é comportamentalista animal. Ela entende mesmo muitooooo.
    Bjos e excelente matéria!!!

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